A Celebração da Primeira Páscoa


Texto Áureo I Co. 5.7 – Leitura Bíblica Ex. 12.1-11

INTRODUÇÃO
A morte visitou o Egito e em uma noite de pavor todos os filhos e animais primogênitos morreram (Ex. 11.6; 12.30). Mas a morte não alcançou os hebreus, eles foram preservados pelo Senhor. Na aula de hoje, estudaremos a respeito desse grandioso livramento de Deus, que demarcou a celebração da Páscoa para os hebreus. Ao final, destacaremos que Cristo, o Salvador, tornou-se a Páscoa para os cristãos, e que através do memorial da Ceia do Senhor, celebramos Sua morte e ressurreição.

A Páscoa Israelita e Os Egipcios

A décima praga foi a mais terrível de todas para os egípcios, pois em virtude do endurecimento do coração de Faraó, os mensageiros da morte visitaram a terra, e como diz o salmista, “lançou contra eles o furor da sua ira: coleta, indignação e calamidade, legião de anjos portadores de males (Sl. 78.49). Moisés inicialmente ouviu a Palavra de Deus, e foi ao palácio a fim de entregar a mensagem profética do Senhor (Ex. 10.24-29). Como profeta de Yahweh, revelou a Faraó que ele pagaria um preço por ter causado tantos danos ao povo de Deus. Todos os primogênitos do Egito seriam mortos, isso porque para aquela cultura os primogênitos eram considerados sagrados, até mesmo entre os hebreus (Ex. 4.22; Jr. 31.9; Os. 11.1). Ademais, não podemos deixar de destacar que outro Faraó quis exterminar os filhos dos hebreus, por isso, o Deus de Israel estava, através dessa praga, vingando a morte dos filhos do Seu povo (Ex. 4.22,23). Muito embora sejamos ensinados a não buscar vingança (Mt. 7.1,2), sabemos, no entanto, que Deus, ao Seu tempo, julgará aqueles que se opõem e perseguem os que servem a Ele, tendo em vista que o homem ceifará o que plantar (Gl. 6.7). A fim de preservar seus primogênitos, os hebreus celebraram sua Páscoa, através da morte de um cordeiro, sendo o seu sangue colocado na verga e nos umbrais da postas das casas onde viviam as famílias israelitas (Ex. 12.6-13;21-14). Essa atitude apontava para o derramamento do sangue do Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (Jo. 3.14-17), pois sem esse não haveria remissão de pecado (Hb. 9.22). Jesus foi nosso substituto, tendo morrido pelos nossos pecados, tomando o castigo a nós destinado (Is. 53.4-6; I Pe. 2.24). Quando o anjo da morte passou para ceifar a vida dos primogênitos, não tocou nos filhos dos hebreus, ao verem o sangue nos umbrais (Ex. 12.13). De igual modo, todos aqueles que creem em Cristo como Salvador estão livres da morte eterna (Jo. 3.16; I Jo. 2.2).

Os Procedimentos Para a Celebração da Páscoa

A palavra páscoa quer dizer passagem em hebraico, em alusão à passagem da morte que passaria pelas casas, ceifando as vidas dos primogênitos. Aos hebreus, para escaparam de tal juízo, cabiam observar os procedimentos dados por Deus. Eles mergulhavam os ramos de uma planta denominada hissopo na bacia com o sangue do cordeiro e o colocava nas vergas e umbrais das portas (Ex. 12.22). Em seguida, essa mesma planta era usada para aspergir o sangue que confirmava a aliança de Deus com o Seu povo (Ex. 24.1-8). O cordeiro havia sido assado e comido às pressas, o povo deveria estar pronto para partir logo que fosse dado um sinal (Ex. 12.8,11,46). A refeição consistia do cordeiro assado, pães asmos e ervas amargas, antecipando, assim, o sacrifício vicário de Cristo. O pão era sem fermento porque não havia tempo para que esse crescesse (Ex. 12.39), além de ser este um símbolo de impureza para os hebreus. A Palavra de Deus associa o fermento com o pecado, bem como com os falsos ensinamentos (Mt. 16.6-12; Gl. 5.1-9) e a hipocrisia (Lc. 12.1). A igreja do Senhor não pode se envolver com práticas pecaminosas, antes deve viver em santidade, sem se deixar contaminar com o fermento do mundo (I Co. 5.6-8). Outro procedimento foi usado, qualquer carne que sobrasse da festa deveria ser queimada, aquele cordeiro era especial, não deveria ser tratado como uma alimentação normal. Aquela refeição foi preparada para a família (Ex. 12.3,4), isso mostra que Deus atenta para a proteção dos lares. A igreja, como um todo, é uma família, que se une para lembrar a morte e ressurreição do Cordeiro de Deus (Ef. 2.21; 3.15;4.16). O caráter memorial da páscoa israelita (Ex. 12.14-43) fora retomado pela fé cristã, a fim de celebrar o sacrifício de Cristo, na cruz do calvário (Mt. 26.26; I Co. 11.23-25). A páscoa israelita era celebrada em nome do Senhor, recordando o cumprimento das Suas promessas (Ex. 11.1-8; 12.31-36). Na noite da Páscoa se cumpriram as promessas dadas por Deus a Abraão, muitos séculos antes (Gn. 15.13,14). De fato, “nem uma só palavra falhou de todas as suas boas promessas, feitas por intermédio de Moisés, seu servo” (I Rs. 8.56). As promessas de Deus não falham, por isso estamos certos que passarão céus e terra, mas Suas palavras não haverão de passar (Lc. 21.33).

Cristo, a Nossa Páscoa

Paulo identifica Cristo como a nossa páscoa, isso porque Jesus é o Cordeiro que foi imolado pelos nossos pecados (I Co. 5.7; Rm. 5.8,9). As igrejas locais se reúnem para celebrar a Ceia do Senhor. A Santa Ceia é um memorial, a fim de que, entre muitas atribuições eclesiásticas, não nos esqueçamos do principal, do sacrifício de Cristo na cruz (I Co. 11.23-25). Por ocasião da Ceia, utilizamos, simbolicamente, o pão que representa o corpo de Cristo (I Pe. 2.22-24), e o vinho, o sangue derramado do Senhor (Mc. 14.24). Esses elementos são simbólicos por isso não podem ser confundidos com o próprio corpo e sangue de Jesus (Jo. 6.35; 10.9), trata-se, portanto, de uma linguagem figurada. Essa deve ser uma observância continua para a igreja, ainda que não seja demarcada a frequência em que deve ocorrer (Lc. 22.14-20). A igreja cristã, desde o primeiro século, atentou para a prática do partir do pão (At. 2.42; 20.7; I Co. 11.26). É importante que a igreja mantenha a reverência por ocasião da celebração da Ceia, esse era um problema grave em Corinto, pois muitos membros da igreja não a levavam a sério (I Co. 11.29,30). Esse deve ser um momento solene, sobretudo de reflexão, a fim de demonstrar nossa identificação com o Cristo que por nós entregou Sua vida. Para evitar distorções no ato da celebração da Ceia, recomendamos: 1) sinceridade na apreciação (Lc. 22.17-19), não se trata apenas de alimentação, mas de percepção do valor do sacrifício de Cristo; e 2) autoexame para não nos tornarmos culpados e participantes daqueles que crucificaram o Senhor (I Co. 11.27). Ninguém se torna, por si mesmo, apto para a Ceia, é o sangue de Jesus, que nos torna aptos para tal. Não ceamos por causa dos nossos méritos, pois se assim fosse, ninguém poderia se aproximar da mesa (Ef. 2.8,9). Mas é preciso demonstrar contrição, reconhecimento do pecado, sobretudo arrependimento (I Jo. 1.9). A Ceia do Senhor é também um momento de irmandade, pois ao partir o pão demonstramos que somos um em Cristo (I Co. 10.16,17).
 
CONCLUSÃO
Os hebreus, diante da ameaça de Faraó, foram libertados pelo Senhor, com mão forte e braço estendido (Sl. 89.13). A percepção daquele ato libertador fez com que os hebreus, ao longo da sua história, celebrassem a páscoa. Os cristãos também têm motivos para celebrar, através da Ceia, a libertação que nos foi dada através de Cristo Jesus. Quando assim fazemos, apontamos não apenas para o passado, em relação ao que Ele fez, também nos identificamos no presente com Ele, e demonstramos expectação em relação ao futuro, quando com Ele cearemos na eternidade (Mt. 26.29)
 
BIBLIOGRAFIA
HAMILTON, V. P. Exodus: an exegetical commentary. Grand Rapids: Baker Academics, 2011.
WEIRSBE, W. W. Exodus: be delivered. Colorado Springs: David Cook, 2010.

| Autor: Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa | Divulgação: EstudosGospel.Com.BR |