Estudo Bíblico Família, Criação de Deus


A promessa de um lar feliz transmite a idéia de uma família feliz, visto que a expressão “lar”, dependendo do contexto, pode se referir ao lugar onde a família habita, ou a própria família em si.

Lar, vem do latim lare, que significa parte da cozinha onde se acendia o fogo para preparar os alimentos e aquecer o ambiente; daí se origana o termo lareira.

Segundo o dicionário de Houaiss, o vocábulo “família” pode significar, num sentido mais restrito “grupo social básico, formado por pai, mãe e filhos”, num sentido mais abrangente “pessoas ligadas entre si pelo casamento ou qualquer parentesco”, e ainda num sentido geral “grupo de seres ou coisas com características comuns”.

No hebraico bíblico, o termo para família é mispahah, que significa “família, clã”, isto é, todos os integrantes de um grupo que estavam relacionados por sangue e que ainda sentiam um senso de consanguinidade, parentesco.

No grego do Novo testamento, temos a palavra oikos, que pode significar “habitação, casa, lar ou família (I Tm 5.4) e patria, que primeiramente significa “ascendência, linhagem, tribo (Lc 2.4, At 3.25, Ef 3.15).

A palavra “família” é de origem latina famíliae, e é usada para definir um vínculo doméstico, íntimo.

A família (ou lar) é a mais importante instituição social estabelecida por Deus, sendo ela mesma a base de todas as outras. A destruição, inversão de valores, deturpação, descaracterização e a desmoralização da família, implicam diretamente num profundo caos, produzindo os mais terríveis danos à humanidade, quer sejam de ordem moral, espiritual, econômica, fraternal e social.

A preservação do lar e da família depende diretamente da obediência aos princípios estabelecidos por Deus em sua palavra. Negligenciar a Bíblia é voltar-se contra o Criador e trabalhar para a destruição das coisas que Ele criou, definidas pelo escritor sagrado como muito boas “E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã: o dia sexto.”

EXISTE LAR OU FAMÍLIA PERFEITA?

Observe o que declara Josué Gonçalves:

“Um dos muitos problemas, quando se trata sobre família, é o conceito no meio evangélico, de que, como crentes, nossa família tem que ser perfeita. Afinal, não temos um Deus, um Salvador, a Bíblia, a garantia de uma vida eterna? Isso é o que alegam os defensores desse conceito. Esquecem-se de que a família é formada por pessoas limitadas, imperfeitas, que carregam traumas emocionais, frustrações, que tiveram problemas de orientação na infância, e tudo isso influencia a vida comunitária íntima da família. A pregação de que a família deve (ou tem de) ser perfeita leva muitas pessoas a experimentarem frustrações nessa área, pois percebem que este é um alvo impossível de ser alcançado. Como não conseguem alcançá-lo camuflam os problemas, escondendo-os atrás de uma capa de aparência de que ‘tudo vai bem’, quando na realidade não vai. Estes pregadores estão levando as famílias a uma vida farisaica, o que pode ser um dos motivos dos filhos estarem abandonando a fé. Essa atitude torna-se um peso para as pessoas. Não foi isto que Deus planejou para nós seres humanos. Famílias perfeitas não, mas famílias felizes sim.” (Família: os segredos do sucesso de uma família bem ajustada. 6 ed. São Paulo: Editora Mensagem para Todos, 1999, p. 11-12)

O texto acima citado nos conduz para algumas reflexões:

- Em primeiro lugar, a perfeição, embora seja um ideal divino (II Co 13.9, Hb 6.1), é algo que não poderá ser vivenciado plenamente nesta vida devido às limitações que o pecado nos impõe;

- Em segundo lugar, parece-nos que as famílias que mais sofrem como este tipo de problema são as dos obreiros, devido às pressões que sofrem da igreja, e por vezes, do próprio obreiro, exigindo dos seus entes queridos uma conduta “perfeita”, em nome da preservação de sua imagem, não considerando as limitações que a própria natureza humana os impõe. A mulher do obreiro e os filhos do obreiro, embora devam de certa forma zelar pelo ministério do homem de Deus, não podem carregar um fardo impossível de ser suportado.

A ORIGEM DO LAR E DA FAMÍLIA

Deus é o criador da família. A criação da família funde-se com a criação da humanidade:

E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou. E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo animal que se move na terra.” (Gn 1.27-28)

Pode-se afirmar que o primeiro lar existiu no Édem (Gn 2.8, 15). O lar foi assim preparado e estabelecido por Deus como um lugar de bênçãos e felicidade. A responsabilidade do homem era “cultivar” e “guardar” o seu lar (v.15).

A QUEDA DA FAMÍLIA

O pecado entrou na família por meio de uma atitude egoísta e deliberada do homem (1 Tm 2.14), conforme detalhes narrados em Gênesis 3.6:

E, vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, e comeu, e deu também a seu marido, e ele comeu com ela.

A CORRUPÇÃO GERAL DA FAMÍLIA

A perda dos referenciais de bondade, santidade, integridade, moralidade e amor, promoveram na família uma corrupção generalizada:

A terra, porém, estava corrompida diante da face de Deus; e encheu-se a terra de violência. E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra. (Gn 6.11-12)

A SALVAÇÃO E A RESTAURAÇÃO DA FAMÍLIA

A operação da graça de Deus na vida da família pode ser observada pelos seguintes aspectos:

- A salvação profetizada na aliança adâmica (Gn 3.15)
- A salvação figurada na aliança noética (Gn 6.13-18)
- A salvação prometida na aliança abrâmica (Gn 12.1-3)
- A salvação providenciada em Cristo Jesus (At 10.24-48, At 27-34)

OS PROPÓSITOS DE DEUS PARA A FAMÍLIA

Segue abaixo uma relação das principais atribuições de Deus para a família:

- Procriação da humanidade e Prazer sexual para o casal (Gn 1.28; Pv 5.15-19). A prática e o prazer sexual é uma bênção de Deus que é legitimada pelo casamento, com o propósito de constituir família e edificar um lar;
- Subsistência (Gn 2.15; 3.19). É no lar e na família que a provisão para o sustento, a alimentação, a vestimenta e outras necessidades básicas de seus membros devem ser supridas;
- Educação (Dt 6.4-9). Um dos grandes erros dos tempos atuais é o fato da família ter terceirizado a educação moral e espiritual dos filhos. Escola e Igreja cumprem hoje o papel principal na formação destes valores, quando na realidade deveria cumprir um papel auxiliar;
- Proteção (Dt 22.8). O apoio que recebemos da família, a ajuda nos momentos difíceis, o ombro e o peito amigo do marido, da esposa, dos pais e dos filhos, transmitem uma sensação de segurança e proteção insubstituíveis;
- Adoração e serviço a Deus (Gn 4.1-5; 26; 8.18-21; 13.1-4; Ex 12.1-21; Dt 6.4-9; 11.18-21; Js 24.15 e outros). É no lar e na família que a adoração e o serviço a Deus devem ser primeiramente exercitados. A adoração e o serviço na igreja devem ser compreendidos como uma extensão da adoração e do serviço no lar.

O sucesso e a felicidade na família está em ter a palavra de Deus como fundamento (Mt 7.24-29) e Tê-lo como principal edificador (Sl 127.1a). Infelizmente, a família cristã tem negligenciado e relativizado os valores cristãos e os princípios da palavra de Deus. O Senhor já não é realmente o edificador de muitos lares e famílias que o confessam e o adoram apenas de lábios. Como resultado, cada dia a família cristã se torna mais infeliz, mais dividida e incapaz de ser sal e luz para os demais lares e famílias da terra.

| Autor: Pr Altair Germano | Divulgação: EstudosGospel.Com.BR |