Se a salvação é pela graça, para que serve a lei?


“Logo, para que é a lei? Foi ordenada por causa das transgressões, até que viesse a posteridade a quem a promessa tinha sido feita, e foi posta pelos anjos na mão de um medianeiro. Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos crentes. Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei e encerrados para aquela fé que se havia de manifestar. De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que, pela fé, fôssemos justificados. Mas, depois que a fé veio, já não estamos debaixo de aio. Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus” (Gl 3.19-26).

         “A palavra traduzida “lei” (gr. nomos, hb. torah) significa “ensino” ou “instrução”. O termo lei pode referir-se aos Dez Mandamentos, ao Pentateuco ou a qualquer mandamento no Antigo Testamento. O uso por Paulo da palavra “lei” pode incluir o sistema sacrificial do concerto mosaico. A respeito dessa lei, Paulo declara várias coisas:
  • (1) Ela foi dada por Deus “por causa das transgressões”, i.e., a fim de demonstrar que o pecado é a violação da vontade de Deus, e despertar os homens a verem sua necessidade de misericórdia, graça e salvação de Deus em Cristo.
  • (2) Embora o mandamento fosse santo, bom e justo (Rm 7.12), era inadequado, porque não conseguia transmitir vida espiritual nem força moral (Gl 3.21; Rm 8.3; Gb 7.18-19).
  • (3) A lei funcionou como “aio” ou tutor do povo de Deus até que viesse a salvação pela fé em Cristo (vv 22-26). Nessa função, a lei revelou a vontade de Deus para o comportamento do seu povo (Ex 19.4-6; 20.1-17; 21.1 – 24.8), proveu sacrifícios de sangue para cobrir os pecados do seu povo (ver Lv 1.5; 16.33) e apontou para a morte expiatória de Cristo (Hb 9.14; 10.12-14).
  • (4) A lei foi dada para nos conduzir a Cristo a fim de sermos justificados pela fé (v.24). Mas agora que Cristo já veio, finda está a função da lei como supervisora (v.25). Por isso, já não se deve buscar a salvação através das provisões do antigo concerto, nem pela obediência às suas leis e ao seu sistema de sacrifícios. A salvação, agora, tem lugar de conformidade com as provisões no novo concerto, a saber, a morte expiatória de Cristo, a sua ressurreição gloriosa e o privilégio subseqüente de pertencer a Cristo (vv.27-29)”.
    (Comentários da Bíblia de Estudo Pentecostal)

O apóstolo dos gentios continua:

 
“Quando éramos menores, estávamos servilmente sujeitos aos rudimentos do mundo. Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos. De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também herdeiro por Deus. Mas agora que conheceis a Deus, ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como estais voltando, outra vez, aos rudimentos fracos e pobres, aos quais, de novo, quereis ainda escravizar-vos? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos” (Gl 4.3-10).

“Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo” (Cl 2.16-17).

         Apesar de verdades tão cristalinas, há quem deseja continuar na escravidão da lei, da qual Cristo veio nos libertar (Jo 8.32, 36; Rm 8.1). Se a nossa justificação dependesse das obras da lei, ou seja, de cumprirmos suas exigências, não haveria necessidade da morte expiatória de Jesus.


Autor: Pr Airton Evangelista da Costa