O Cristão e o Espírito do Nosso Tempo
O "zeitgeist" dos nossos dias pode ser o pior possível, mas o Espírito de Deus nos chama para fazermos diferença neste tempo
Desde o século 18, os intelectuais alemães costumam usar a expressão zeitgeist para descrever o que chamamos de “espírito do nosso tempo”. O termo significa, ao pé da letra, “espírito de uma época” ou “espírito do tempo”. Por extensão, uma tradução comum para o vocábulo também é “sinal dos tempos”. Fato é que cada época é marcada por uma mentalidade ou espírito dominante. Ou seja, não é equivocado afirmar que cada época tem o seu “espírito”, suas tendências, suas ondas, seus movimentos ideológicos. E não é diferente com a nossa época.
Estamos vivendo um período da História em que o espírito predominante - ou seja, a mentalidade prevalecente - é, literalmente, um sinal dos tempos, mas no sentido bíblico – um sinal da proximidade da Segunda Vinda de Jesus.
Duas marcas desta época são o relativismo e o ataque aos absolutos e ao instituído. Aliás, a negação dos absolutos tem sido constantemente lembrada por teóricos como marca desta curva da História em que vivemos, e que chamam de Pós-modernidade. O resultado dessa tendência, dessa marca, pode ser visto na crescente onda de flexibilização moral e de hedonismo (a busca da satisfação pessoal acima de tudo) na sociedade ocidental. Infelizmente, tais tendências podem ser constatadas até mesmo em alguns movimentos no meio evangélico, por meio de pregações que supervalorizam o terreno e enfatizam a satisfação pessoal em detrimento da doutrina bíblica da santificação e do compromisso que o cristão tem - de encarnar os preciosos valores do Reino de Deus em sua vida, em seu comportamento diário.
Esse é o zeitgeist, o espírito do nosso tempo, e que foi descrito sintética e perfeitamente por Jesus como um período em que a iniquidade se multiplicaria e o amor de muitos esfriaria; e pelo apóstolo Paulo como “tempos difíceis” ou “tempos trabalhosos”. Aborto, eutanásia, ateísmo (ainda que a maioria da população ocidental não o seja na teoria, mas o vive na prática, pelo modo de vida que adota), banalização do casamento, dignificação do homossexualismo, aumento do consumo de drogas, movimento pela legalização das drogas, o esfacelamento da família, dignificação da poligamia, o ter em detrimento do ser, a perda da sensibilidade espiritual (manifestada, por exemplo, na não-percepção mais como pecado de atitudes que são claramente pecado) etc.
São dias realmente difíceis, mas também são dias em que o Espírito de Deus está disposto a agir poderosamente para libertar vidas, usando todos quantos estiverem dispostos a serem instrumentos em Suas mãos. Se estamos vivendo um período terrível em termos de mentalidade predominante, estamos vivendo também o tempo do Espírito para as nossas vidas, para fazermos diferença em meio a este mundo corrompido. O Espírito Santo nos convoca para remarmos contra a maré deste mundo, contra as ondas do zeitgeist deste tempo, vivermos uma vida santificada e pregarmos o Evangelho com graça e poder.
Que possamos estar atentos à voz do Espírito Santo. Como disse Jesus às sete igrejas da Ásia em Apocalispe: “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito está dizendo”. Que não nos distraiamos com os sons dispersos do espírito deste tempo, mas estejamos focalizados no que nos diz o coração de Deus.
| Autor: Pr Silas Daniel | Divulgação: estudosgospel.Com.BR |