Justificação pelas obras da lei ou pela fé?
Passados dois mil anos da morte expiatória de Jesus, há cristãos que ainda se esforçam por serem justificados pelas obras da lei. Tentam, em vão, cumprir toda a lei para serem declarados justos, sem culpa e, portanto, livres da condenação eterna.
“Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós... para que, pela fé, nós recebamos a promessa do Espírito” (Gl 3.13-14).
Em Efésios 2.8 e 9, há uma clara exposição do evangelho da graça:
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé [fé no Senhor Jesus]; e isso não vem de vós, é dom de Deus. Não vem de obras [as obras da lei, isto é, o cumprimento das exigências da lei], para que ninguém se glorie”. Efésios 2.8-9
“Ninguém poderá ser salvo pelas obras e boas ações, ou por tentar guardar os mandamentos de Deus. Para sermos salvos precisamos receber a provisão divina da salvação (Ef 2.4-5), ser perdoados do pecado (Rm 4.7-8), ser espiritualmente vivificados (Cl 1.13), ser feitos novas criaturas (2 Co 5.17) e receber o Espírito Santo (Jo 7.37-39; 20.22). Nenhum esforço da nossa parte poderá realizar essas coisas. O que opera a salvação é a graça de Deus mediante a fé” (Comentários da Bíblia de Estudo Pentecostal).
Gálatas 2.15-21 – “Os homens são aceitos por Deus, não por causa de suas obras, mas através de um simples ato de confiança em Jesus Cristo. Diz Martinho Lutero: `Se o artigo da justificação for alguma vez perdido, então toda a verdadeira doutrina ficará perdida´”(A Mensagem de Gálatas, John Stott).
“Se a doutrina da justificação é essencial na religião cristã, é de vital importância que a entendamos. O que ela significa? “Justificação” é um termo legal que foi tomado emprestado aos tribunais. É exatamente o oposto exato de “condenado”. “Condenar” é declarar uma pessoa culpada; “justificar” é declará-la sem culpa, inocente ou justa. Na Bíblia, refere-se ao ato imerecido do favor de Deus através do qual ele coloca diante de si o pecador, não apenas perdoando-o ou isentando-o de culpa, mas também aceitando-o como justo” (Ibidem).
“Sendo assim, a questão mais urgente que enfrentamos é a mesma que Bildade, o suíta, apresentou séculos atrás: `Como, pois, seria justo o homem perante Deus?´ (Jó 25.4). Ou, como Paulo colocou: `Como pode um pecador condenado ser justificado?´ Primeiro, ele expõe a doutrina da justificação mediante a fé (versículos 15 e 16). Depois ele argumenta (versículos 17-21), examinando a objeção mais comum e demonstrando a total impossibilidade de qualquer outra alternativa; Sua exposição, a de Paulo, assume a forma de um contraste entre a doutrina dos judaizantes, da justificação pelas obras da lei, e a doutrina dos apóstolos, da justificação mediante a fé. Ele repudia a primeira e dá força à última” (Ibidem).
Justificação pelas obras da lei – “Por “lei” entende-se a soma total dos mandamentos de Deus, e por “obras da lei” os atos praticados em obediência a ela. Os judeus supunham que podiam ser justificados desse modo, como também os judaizantes, que professavam ter fé em Jesus, mas queriam que todos seguissem igualmente a Moisés. Sua posição era esta: A única maneira de ser justificado é através de trabalho duro. É preciso lutar. A `obra´ são as `obras da lei´. Ou seja, é preciso fazer tudo o que a lei ordena e evitar tudo o que a lei proíbe. Os judeus e os judaizantes continuavam, dizendo: `Isto significa que é preciso guardar especialmente os Dez Mandamentos. `É preciso amar e servir ao Deus vivo, e não ter outros deuses ou substitutos´. `É preciso reverenciar o seu nome e o seu dia, e honrar os pais´. `É preciso evitar o adultério, o homicídio e o roubo´. `Nunca devemos dar falso testemunho contra o nosso próximo nem cobiçar alguma coisa que lhe pertença´. Mas não era só isso. Diziam que `além da lei moral, temos a lei cerimonial, à qual é preciso obedecer. É preciso levar a religião a sério, examinando as Escrituras em particular e freqüentando os cultos públicos. `é preciso jejuar, orar e dar esmolas. `E, se fizer tudo isso, SEM FALHAR EM NADA [grifo meu] ter-se-á alcançado o sucesso e a aceitação de Deus sendo então justificado pelas obras da lei” (Ibidem).
“Esta era a posição do judeu e do judaizante. Paulo os descreve como `procurando estabelecer a sua própria justiça´ (Rm 10.3). Esta tem sido a religião do povo comum, antes e depois deles. É a religião que se encontra nas ruas, hoje. De fato, é o princípio fundamental de cada sistema religioso e moral no mundo, exceto no Cristianismo do Novo Testamento. É um princípio popular porque é lisonjeiro. Ele diz ao homem que, se ele tão somente conseguir melhorar um pouco o seu comportamento e se ele se esforçar um pouquinho mais, conseguirá obter a sua própria salvação” (ibidem).
“Mas isso tudo é uma ilusão terrível. É a maior mentira do maior mentiroso do mundo, o diabo, o qual Jesus chamou de `pai da mentira´(Jo 8.44). Nunca alguém foi justificado pelas obras da lei, simplesmente porque ninguém jamais conseguiu obedecer à lei de maneira perfeita. Uma obediência restrita às exigências das obras da lei é uma coisa além do nosso alcance. Podemos guardar algumas das exigências da lei externamente, mas nenhum homem, exceto Jesus Cristo, jamais as cumpriu todas. Na verdade, se examinarmos as nossas motivações, descobriremos que já transgredimos TODAS AS LEIS DE DEUS (grifo meu], pois Jesus disse que pensamentos homicidas nos transformam em homicidas e que pensamentos adúlteros nos transformam em adúlteros. Por isso as Escrituras nos dizem: `o homem não é justificado por obras da lei´ (versículo 16, aludindo ao Sl 143.2). O que nos surpreende é que alguém possa imaginar que possa aproximar-se de Deus e chegar ao céu dessa maneira” (Ibidem).
Além de convocar todos a cumprirem a lei na sua inteireza, há os que criam novas doutrinas com muitas proibições: é preciso participar das campanhas para serem abençoados; se falharem nos dízimos, ficarão sujeitos ao espírito devorador; os amuletos produzidos pela igreja são instrumentos de bênçãos; se não cumprirem a lei do sábado, irão para o inferno. De modo que muitos que deveriam livrar-se do peso da maldição da lei ficam sufocados por doutrinas destruidoras, impedindo-os de contemplar e aceitar a plenitude do evangelho da graça.
Para que serviu a lei – “A lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados pela fé. Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao aio. Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus. Deus enviou seu Filho para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos. Mas agora que conheceis a Deus ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como estais voltando, outra vez, aos rudimentos fracos e pobres, aos quais, de novo, quereis ainda escravizar-vos? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos” (Gl 3.23-26; 4. 4, 5, 9,10; Jo 1.12).
Justificação pela fé – “A segunda alternativa Paula chama de “pela fé em Jesus Cristo”. Jesus Cristo veio ao mundo para viver e morrer. Na sua vida a sua obediência à lei foi perfeita. Na sua morte ele sofreu pela nossa desobediência. Na terra ele viveu a única vida de obediência imaculada para com a lei que já foi vivida. Na cruz ele morreu porque nós transgredimos a lei, uma vez que a penalidade para a desobediência à lei era a morte. Portanto, tudo de que precisamos para ser justificados é reconhecer o nosso pecado e a nossa incapacidade, arrepender-nos dos nossos anos de auto-afirmação e justiça própria, e colocar toda a nossa confiança em Jesus Cristo para nos salvar” (Ibidem).
Autor: Pr Airton Evangelista da Costa