Igreja e Libertação dos Oprimidos

Marcos 5: 1-20


Eis que vos dou autoridade para pisar serpentes, escorpiões e toda a força do inimigo, e nada vos fará dano algum", Lucas 10: 19

A expressão 'libertação dos oprimidos' foi tomada nas últimas décadas do século XX num sentido essencialmente político por setores progressistas da Igreja Católica e de grupos protestantes. Os chamados 'teólogos da libertação' escreveram diversos livros enfatizando o papel libertador da Igreja de Jesus, no sentido social e político. Libertação, para esses teólogos, era a conquista da sociedade ideal, sem opressão social, sem má distribuição de renda. Alguns pregavam até a luta à mão armada, a revolução, para se chegar à sociedade ideal.

Não é essa a temática deste estudo. Aqui, quando falamos em libertação dos oprimidos, nos referimos ao mundo espiritual e aos ensinos bíblicos sobre o papel da Igreja em lutar contra os poderes demoníacos.

I. ABRINDO AS PORTAS PARA O INIMIGO

a) A religiosidade mística dos nossos dias. Satanás tem conseguido sucesso nesta época chamada de “pós-modernidade”, fazendo com que muita gente não acredite na existência dele. Fala-se em forças cósmicas, energias negativas, etc. Ganham espaço os místicos, os videntes, os numerólogos, os que ensinam o valor dos cristais e das pirâmides, os que lêem cartas. Essa é a religiosidade predominante da atualidade.

O misticismo religioso sempre atraiu as pessoas. Desde a antiguidade, o homem procurou refúgio nas advi-nhações, na consulta aos mortos, etc. Manassés, rei de Judá, adivinhava pelas nuvens, era agoureiro e consultava médiuns e feiticeiros, embora a lei proibisse tais atitudes, 2 Rs 21: 6; Lv 19: 26, 31.

A própria religiosidade pode ser instrumento para a ação demoníaca. Nos tempos do Antigo Testamento, os falsos deuses tinham milhares de adoradores. Embora aquelas pessoas pensassem estar cultivando uma vida religiosa sadia, estavam adorando a demônios. Os ídolos representam entidades demoníacas e os sacrifícios feitos a eles são, na verdade, feitos a demônios, Lv 17: 7; Dt 32: 17; SI 106: 37; 1 Co 10: 20, 21.

b) As conseqüências da ação diabólica nem sempre são sentidas de imediato. Satanás age de modo perspicaz. Ele se transforma até em anjo de luz, 2 Co 11: 14. Conhecedor do ser humano, procura os pontos frágeis para atacar. Destrói a vida moral e os lares, conduzindo à prostituição, ao adultério e à pornografia; trabalha na vida emocional, gerando ódio e inimizades; produz ganância, etc.

II. ADVERTÊNCIAS E LIÇÕES DO NOVO TESTAMENTO

Jesus travou muitas batalhas com Satanás e venceu todas. No início do seu ministério, foi levado ao deserto e por quarenta dias foi tentado. Mas não pecou, Mt 4: 1-11. Em diversas outras ocasiões, os demônios foram repreendidos por ele porque estavam escravizando vidas amadas pelo Pai. Jesus alertou seus discípulos para importantes verdades relacionadas à batalha que a Igreja trava contra o diabo.

a) Os objetivos de Satanás, Jo 10: 10. A missão do diabo é destruir vidas. Os exemplos do Novo Testamento mostram que ele age de diferentes maneiras sobre a vida das pessoas. No relato de Marcos 5: 1-20, é possível ver um nível assustador de possessão demoníaca em que um homem foi afastado do convívio social e levado a viver entre sepulcros.

Mas há, também, relatos de ação mais “oculta” de Satanás, em que é preciso ter discernimento para perceber que é o diabo o causador do mal. Em Lc 13: 10-17, Jesus cura uma mulher que sofria de um terrível “espírito de enfermidade”.

b) E preciso prender o valente e saquear-lhe os bens, Lc 11: 21-22. A Igreja tem de tomar a iniciativa do ataque contra o diabo. É preciso entrar no território inimigo, amarrá-lo e retirar do seu poder os que foram por ele escravizados.

III. COMO DEVE A IGREJA PREPARAR-SE?

Jamais poderemos ingressar na luta contra os poderes das trevas sem o necessário preparo. Dentre as diversas ferramentas de que precisamos, vamos destacar duas:

a) Autoridade.
Sem ela, os poderes demoníacos vão zombar de quem os afrontar. Foi isso o que ocorreu com os filhos de Ceva, At 19: 14-18. Quando enviou seus setenta discípulos, Jesus deu a eles autoridade não só para anunciar a chegada do Reino de Deus, mas também para curar os enfermos. Quando os discípulos retornaram felizes, por terem também expulsado demônios, o Senhor lhes disse: “… vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões e sobre todo o poder do inimigo e nada absolutamente uos causará dano”, Lc 10: 19.

b) Discernimento. O diabo é falsificador. Por isso é necessário ter discernimento para conhecer e repreender a ação demoníaca. O relato de At 16:16-18 mostra como o diabo pode até dizer algo verdadeiro, mas com o objetivo de atrapalhar a obra de Deus.

Conclusão

Os salvos não precisam temer o diabo, pois receberam poder para expulsar demônios, Mc 16: 17. Revestidos da armadura de Deus, poderemos derrotar o inimigo, Ef 6: 10-17.

Que todos nós, nos apropriemos das armas espirituais do Senhor, e tenhamos uma vida vitoriosa.

| Autor: Josias Moura | Divulgação: estudosgospel.Com.BR |