Reflexão Balela ou Verdade?


         Está escrito: 
 
"Toda a Escritura (a Bíblia) é inspirada por Deus... Fiel é a palavra (de Deus) e digna de toda a aceitação: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores" (2Timóteo 3.16; 1Timóteo 1.15).

         Muitas pessoas têm dificuldade em aceitar a doutrina da expiação, porque o seu raciocínio não consegue definir exatamente em que sentido Jesus poderia morrer em nosso lugar.
         Devemos reconhecer que quando o Deus onisciente e infinito entra em contato com o homem finito, haverá mistérios.
         Sem entender os detalhes da lei da gravidade, muitas pessoas evitam jogar-se de um precipício; obedecem à lei que não compreendem totalmente, e ficam em segurança.
         Embora a expiação contenha elementos além da nossa compreensão, podemos aceitá-la e receber a salvação.
         É estranho que os mesmos críticos que comem tantas coisas no jantar, sem antes procurar saber sua origem, querem passar fome espiritual por exigirem da fé cristã explicações que estão além da compreensão humana.
         Para muitas pessoas, o relato de Noé e da arca não passa de uma simplória história infantil sobre um homem esquisito que construiu um barco enorme.  Depois de construída a arca, representantes de todas as espécies do reino animal foram atraídos a Noé que, de dois em dois, conduziu todos os animais para dentro daquele barco que nunca havia passado por um teste.  A chuva começou, e aquele zoológico flutuante sobreviveu a um grande dilúvio.  Depois de todos estes acontecimentos, o feliz grupo de protagonistas se delicia com um estupendo arco-íris, antes que cada um seguisse o seu caminho.  Lindo, não é?
         Mas o fato é que a história de Noé é a história da terrível depravação da raça humana.  (E o pior de tudo é os dias atuais são piores).  De acordo com as Escrituras, a maldade do homem havia crescido demais sobre a face da terra, tanto que Deus estava "arrependido" (Gênesis 6.6).  Eis aqui um dos aspectos terríveis da história do Dilúvio, um raro vislumbre de emoção divina e vulnerabilidade.  Nosso Criador estava desapontado e magoado por causa do pecado.
         O dilúvio também é uma história sobre o juízo divino.  Não podemos minimizar a cruel realidade do severo veredito de Deus sobre os ímpios do tempo de Noé.  Deus proferiu sua sentença de modo claríssimo: 
 
"farei desaparecer da face da terra o homem que criei" (Gênesis 6.7).

         Uma sentença dura demais? Na verdade, não.
         Um Deus santo não podia fechar os olhos ao pecado, nem tolerá-lo.  Este precisava de tratamento, de punição, para que Deus continuasse a ser Deus de justiça.  É comum nos esquecermos da terrível perda de vidas quando lemos a história de Noé.  Nossa tendência    é a de nos concentrarmos tanto na arca e nos animais, que esquecemos as águas devastadoras abaixo da embarcação.  Abaixo da arca estavam morrendo pecadores - pessoas reais que se encaminharam para uma eternidade distante de Deus.
Além do mais, o dilúvio também é um memorial do amor e da misericórdia de Deus.
         "Noé achou graça diante do SENHOR" (Gênesis 6.8).
         Deus demonstrou sua imensa graça ao escolher Noé e a sua família e salvá-los do julgamento.  Muito embora a humanidade inteira merecesse toda a força da sua ira, Deus, em sua misericórdia, providenciou salvação.
         Atente bem para este fato:  toda a história de Noé é uma maravilhosa visão precursora da salvação definitiva que Deus providenciaria mais tarde em Cristo.  Após o dilúvio a raça humana continuou sua rebelião pecaminosa.  E Deus continuou a requerer a justa pena para o pecado: a morte.  Mas, na ocasião seguinte, ao invés de providenciar uma arca, Deus entregou o seu único Filho.  Por este ato, Deus abriu as portas da salvação, não apenas para uma família, mas a todos os que creram em Jesus.
         Percebeu como Deus é bom?
         Isto não é balela, é verdade.

Autor: Adail Campelo